Durante os últimos anos, muito se tem falado e escrito sobre o Jardim Municipal da Calheta. Do que se tem falado e escrito, retiramos uma conclusão evidente: existe um descontentamento generalizado pelo estado a que se deixou chegou este património municipal, que motiva tristeza e revolta em todos aqueles que guardam memórias dos tempos áureos do Jardim Municipal da Calheta, em todo o seu esplendor e beleza.
Nos últimos dias, devido ao início dos trabalhos de construção civil que estão a acontecer neste local, o Jardim Municipal da Calheta voltou a ser o assunto na ordem dia.
É com muita satisfação que assisto ao início desta intervenção, que procurará, finalmente, devolver a este espaço a dignidade que merece. É isso que todos anseiam e esperam que aconteça, quando se der por concluída esta intervenção.
Se o primeiro projeto para a intervenção no Jardim Municipal da Calheta criou algumas objeções e dúvidas, uma vez que previa uma intervenção profunda no Jardim, descaracterizando esta espaço, já o segundo projeto, o que está a servir de base para a intervenção em curso, parece-me mais equilibrado, mantendo a maioria das características do nosso Jardim, melhorando-as, e adaptando-o às necessidades atuais. Certamente, esta intervenção nunca merecerá o acordo de todos, mas devemos estar unidos naquela que é a necessidade de finalmente se concretizar investimento no nosso concelho, que vá permitindo encurtar a distância a que estamos de outros concelhos, que têm sabido melhor aproveitar as oportunidades de investimento.
No entanto, existem algumas situações em todo este processo, como em muitos outros, que me entristecem, às quais não podemos fazer “tábua rasa”, e que, mesmo apesar de várias chamadas de atenção que fazemos a quem de direito, teimosamente continuam a acontecer.
Numa intervenção deste género, num espaço especial e emblemático para os Calhetenses e que muitas reações tem gerado nos últimos anos, manda o bom senso que seja feita uma apresentação pública do projeto, explicando-se o que se pretende para aquele espaço, de uma forma objetiva, simples e clara, dando a oportunidade aos munícipes de conhecer o projeto e expor as suas dúvidas e preocupações. Se o primeiro projeto foi apresentado, de forma pouco clara, em Assembleia Municipal, no dia 28.02.2022, nem sequer constando da Ordem de Trabalhos dessa reunião, não permitindo à população ter conhecimento prévio e estar presente para conhecer o projeto, neste segundo projeto, nem isso aconteceu, não havendo qualquer apresentação pública do projeto, contrariamente ao que se tem tentado transmitir nas redes sociais.
Esta intervenção é financiada por verbas comunitárias, num montante de cerca de 200.000,00€ (duzentos mil euros), no âmbito do PO2020, implicando isso que a intervenção tenha de estar totalmente concluída até dia 15.12.2023, sobre pena de a Câmara Municipal não usufruir da totalidade dessas verbas, à conta de todo o atraso que este processo sofreu, tendo que suportar, através do seu próprio orçamento, as despesas desta intervenção. Aliás, o mesmo se passa com a intervenção na rede de águas e a requalificação urbana da Vila da Calheta, onde já se “perderam” cerca de 110.000,00€ (cento e dez mil euros) de trabalhos que não se executaram e se “gastaram” outros 110.000,00€ (cento e dez mil euros) em trabalhos a mais, o que significa que a intervenção da requalificação urbana irá representar cerca de 200.000,00€ (duzentos mil euros) “perdidos” pela Câmara Municipal, devido a uma má gestão de todo este processo, desde a conceção do projeto, até à sua execução.
Quer-se investimento que permita alavancar o nosso Município, mas também se deve querer uma gestão cuidada e eficiente dos fundos públicos, no entanto, infelizmente, não é isso a que temos assistido na Câmara da Calheta. Nem uma coisa, nem outra.