SÃO JORGE | Chega desafia açorianos a voltar a usar mais sub-produtos animais na alimentação tradicional
No terceiro dia de visita oficial à ilha de São Jorge, o CHEGA visitou o matadouro da ilha onde foi confrontado com o desperdício dos sub-produtos animais que não estão a ser devidamente aproveitados e “causam uma despesa acrescida, porque têm de ser congelados e depois exportados” para serem incinerados. José Pacheco falava de dobrada, mão-de-vaca, rabo de boi, partes menos nobres dos animais, que sempre foram incluídas na alimentação açoriana, mas que estão a ser desperdiçadas. Uma situação que preocupa também os responsáveis pelo matadouro que acabam por ter um custo acrescido para descartar estes sub-produtos.
“Estamos a falar de desperdício, de só se aproveitarem algumas coisas do animal, das modas e modinhas de comer bifes todos os dias e não o que comia a sociedade açoriana de outros tempos. Acho que todos nós, sociedade e políticos, temos de pensar – e os senhores nutricionistas também – que há sub-produtos que estão a ser colocados no lixo e são produtos de grande valor alimentar e nutricional.
No entender do deputado do CHEGA, assim garantia-se menos prejuízo para a Região e mais benefício para o consumidor, desafiando as escolas a colocar dobrada e mão de vaca nas ementas dos refeitórios, “porque nós não somos um país de hambúrgueres. E as crianças dizem que não gostam porque nunca provaram e muitos nem sabem o que é”.
José Pacheco alertou que, actualmente, os Açores estão a importar do Paquistão tripa para fazer chouriços. “No Paquistão será que têm regras de segurança alimentar superiores aos Açores?”, questionou enquanto acrescentou que a Região tem regras de sanidade animal bastante exigente, “mas não aproveitamos esses produtos nossos, para depois andarmos a importar coisas duvidosas. É o mundo ao contrário”.
Para o CHEGA é necessário voltar a incorporar a comida tradicional na alimentação quotidiana, “que sempre usou tudo o que a vaca e o porco dava”. Além disso, acredita o deputado do CHEGA, a farta gastronomia tradicional pode ser uma complemento e mais-valia para o turismo. “No CHEGA vamos trabalhar no sentido de inverter esta modernidade, que é uma palermice de comer hambúrguer e bifinhos de baixo valor nutricional, quando podíamos estar a comer produtos que estão a ser colocados no lixo, com bastante valor nutricional”, reforçou.
Durante esta visita, José Pacheco manifestou o seu agrado com a intenção de se avançar com um novo matadouro em São Jorge – um compromisso já assumido pelo Governo Regional. Perante aquela que é uma reivindicação antiga dos Jorgenses, e que irá ser uma mais-valia para a lavoura da ilha, José Pacheco espera que o compromisso seja agora cumprido e que se avance com a obra.
Em jeito de balanço desta visita oficial a São Jorge, José Pacheco destacou as dificuldades que se sentem nos vários portos da ilha, nomeadamente ao nível das gruas que começam a ficar em mau estado devido à falta de manutenção. “Não vou culpar só este Governo, vou culpar também o anterior, que quis dar tudo a todos, e depois esqueceu-se que tal como as estradas regionais precisam de manutenção, uma grua também”, esclareceu.
Também a habitação foi um dos problemas abordados em São Jorge, lembrando que o CHEGA foi o único partido a levar à Assembleia Regional um projecto sério, com medidas concretas, mas a urgência foi chumbada pelos deputados. Escassez de mão-de-obra e o aumento dos fluxos de imigração para a Região também foram assuntos abordados, não só em São Jorge, mas nas várias visitas que o CHEGA tem feito às diferentes ilhas. “Não temos o hábito de nos fecharmos em gabinetes, temos ido aos locais, falamos nos sítios – nos portos, nos matadouros – falamos com as pessoas e vemos a realidade. Isso é importante compreendermos e é isso que temos feito. Damos voz às pessoas e às suas necessidades”, conclui.
CHEGA/AÇORES/RÁDIOILHÉU