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ATUALIDADE | Parlamento aprova proposta do Bloco que vai melhorar a experiência das mulheres açorianas na gravidez e no parto

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O parlamento dos Açores aprovou hoje uma proposta do Bloco de Esquerda que pretende aumentar o nível de qualidade dos cuidados que são prestados durante todo o processo da gravidez, de forma a melhorar a experiência da mulher.

A proposta do Bloco partiu da análise de estudos, com a participação de mulheres açorianas que indicam a existência de situações que podem ser melhoradas na sua experiência de parto, e também da identificação da falta de dados oficiais na Região sobre os procedimentos realizados durante os partos nos hospitais dos Açores, como as episiotomias e manobras de Kristeler, por exemplo, práticas não recomendadas pela Organização Mundial de Saúde como procedimentos de rotina.

Alexandra Manes, deputada do Bloco que apresentou a iniciativa, destacou que “um estudo desenvolvido no âmbito do projeto IMAGINE EURO, pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que contou com a participação de 58 açorianas, concluiu que 22,4% admitiu falta de comunicação efetiva; 41,4% falta de envolvimento nas decisões, 39,7% falta de apoio emocional; 15,5% falta de contacto pele-a-pele com o bebé; 13,8% falta de apoio na amamentação; 58,6% dificuldade em aceder ao pré-natal de rotina, assim como 24,1% afirma não ter sido tratada com dignidade e 13,8% refere ter sofrido de abuso físico, verbal ou psicológico”.

Para que haja dados claros e atuais, no seguimento da proposta do Bloco será realizado um estudo anónimo sobre a existência de práticas de violência obstétrica.

Além disso, os procedimentos realizados no parto, incluindo episiotomias e outras práticas, passam a ser obrigatoriamente registadas, com a respetiva justificação.

“Não está em causa o trabalho feito pelos profissionais de saúde, mas sim o facto de existir uma lacuna que persiste na nossa na região, nomeadamente a não aplicação da circular normativa n.º 14, também em consonância com a portaria n.º 310/2016, de 12 de dezembro aplicada a nível nacional e que para além do registo, exige a publicação dos mesmos”, explicou a deputada do Bloco.

Para melhorar a experiência das grávidas açorianas, todos os hospitais dos Açores vão ter também que elaborar um plano de parto institucional adequado à sua realidade e vai passar a ser realizado um inquérito de satisfação às mães sobre a sua experiência após o parto.

Alexandra Manes salientou que “a realidade é que o maior medo provém do desconhecimento, pelo que é através da educação, sensibilização e a adoção de medidas que promovam uma maior abertura sobre o caminho a ser seguido para se evitar esta forma de violência que podemos ter uma sociedade mais empenhada a produzir experiências de natalidade positivas.”

Neste sentido, e no cumprimento da proposta aprovada hoje, serão realizadas campanhas de sensibilização para a prevenção e combate à violência obstétrica e que promovam a literacia em saúde materna e obstétrica.

Alexandra Manes lembra que “experiências negativas de parto deixam marcas para a vida, umas mais visíveis do que outras e têm impacto na autoestima das pessoas, podendo afetar a vinculação com o bebé, o estabelecimento da amamentação, a vida sexual, a relação com o companheiro ou companheira e até o funcionamento em sociedade”.

A proposta aprovada hoje no parlamento vai proteger as mulheres açorianas e contribuir para melhorar a experiência das mulheres na gravidez e no parto.

BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.