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REGIÃO | Nuno Barata (IL) defende: Açores devem integrar o Cabo Submarino Nuvem da Google

©Hugo Moreira
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O Deputado da Iniciativa Liberal no Parlamento dos Açores, Nuno Barata, defendeu, esta terça-feira, que a Região deve integrar o Cabo Submarino Nuvem da Google – que vai ligar Portugal, às Bermudas e aos Estados Unidos da América – questionando o executivo regional sobre diligências efetuadas no sentido de, pelo menos, “estudar a possibilidade” de tal integração, visando “melhorar a fiabilidade das comunicações, diminuir a latência nos serviços globais e dar mais resiliência à rede no Atlântico”.

Em Requerimento entregue no Parlamento, Nuno Barata salienta que esta ligação de cabos submarinos seria paralela ao projeto de instalação do novo CAM (Continente-Açores-Madeira) e potenciaria “as ilhas no Atlântico como geografias de excelência para a implementação de outras infraestruturas tecnológicas”.

“A existência de mais Points of Presence (POPs) com a amarração de cabos submarinos nos Açores com origem noutros continentes, potencia a possível existência de uma plataforma atlântica de amarração de cabos e de dados, em especial, na comunidade relacionada com as comunicações por cabo submarino, potenciando, inequivocamente, outras áreas fundamentais, como a oceanografia, a geofísica, o ambiente e a defesa”, prossegue o liberal.

Para o parlamentar e dirigente regional da IL ligar o novo cabo submarino Continente-Açores-Madeira ao cabo da Nuvem da Google seria “investimento financeiramente diminuto para o retorno económico inegável e inexorável que teria”, considerando que “tal ligação, a concretizar-se, potenciaria o desenvolvimento do centro Atlântico, como um lugar de enorme importância geoestratégica, configurando uma oportunidade única para reforçar o diálogo político, a investigação, a produção de conhecimento e a capacitação para a segurança no Atlântico”.

Para além destes ganhos, Nuno Barata não tem dúvidas que ligar o novo Cabo CAM ao novo cabo Nuvem da Google garantiria “uma melhoria significativa para a conectividade dos Açores e contribuiria para o desenvolvimento económico e social da Região”, assim como “os Açores aumentariam o valor acrescentado dos cabos submarinos, convertendo-os em autoestradas de dados, ambicionando o nosso crescimento por ar, terra e mar”.

Outra vantagem identificada pelos liberais açorianos prende-se com ganhos de autonomia: “Portugal, ao pretender construir o novo Anel CAM (Continente-Açores-Madeira) para garantir a autonomia das suas comunicações, acaba por deixar os Açores totalmente dependentes do Estado, da sua vontade política para a gestão de comunicações para o exterior, sem estar prevista a entrada de outros operadores de cabos submarinos, que possam ser concorrentes, redundantes ou parceiros estratégicos”. Ligando-se a Região ao projeto da multinacional Google, ganhava autonomia.

Assim, Nuno Barata pretende saber se “o Governo dos Açores tem conhecimento da estratégia nacional de redundância e disponibilidade das redes de cabos submarinos no Atlântico?”, se “o Governo teve conhecimento dos esforços feitos pelo Ministério das Infraestruturas para integrar Portugal no projeto do Cabo Submarino Nuvem da Google?” , por fim e mais importante, se “pretende o Governo Regional estudar a possibilidade de integrar o Cabo Submarino Nuvem da Google e, se sim, que medidas tomou ou que esforços está a fazer nesse sentido?”.

Cabo Nuvem da Google

A presença dos Açores no Atlântico confere importância geoestratégica Portugal que, no campo das comunicações, acaba por ter cerca de 10 a 15% dos cabos submarinos de todo o planeta a passar pela Zona Económica Exclusiva nacional.  

A multinacional Google vai avançar com a construção do Cabo Submarino Nuvem que vai melhorar e fortalecer a conectividade global e entre continentes, ligando Portugal, Bermudas e Estados Unidos da América, num investimento que se prevê esteja operacional em 2026. Ao contrário dos Açores, que não se conhecem quaisquer diligências no sentido de integrarem esta conectividade, a Madeira, por exemplo, estabeleceu, uma unidade de ramificação BU ao Cabo Nuvem da Google, por decisão do Governo Regional, aprovada em maio de 2018, visando o fornecimento de uma infraestrutura de telecomunicações submarina entre o Funchal e Portugal, a primeira ligação direta entre a Europa e o Brasil através de cabo submarino. Ora, o projeto relativo ao novo Anel CAM custa, aproximadamente, 119 milhões de euros, procedendo, não só aos trabalhos submarinos, mas a trabalhos em infraestruturas on-shore (em terra), incluindo custos de construção civil da Estação Terrestre de amarração e respetivos equipamentos, o que para os liberais açorianos seria a oportunidade adequada para considerar que “o investimento no lançamento de uma ligação do cabo do Anel CAM, até ao Cabo Nuvem da Google, seria financeiramente diminuto para o retorno económico inegável e inexorável que teria”.

IL/AÇORES/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.