No âmbito do Azores Fringe Festival, a MiratecArts acolheu na ilha do Pico Jorge Rebêlo, pesquisador e neto do grande pintor Domingos Rebêlo. Apresentações na Paim Bookhouse Gallery e na Biblioteca Auditório da Madalena fizeram chegar a obra de um dos mais referenciados artistas açorianos a uma nova audiência.
Domingos Rebêlo foi o introdutor do Modernismo na pintura Açoriana, e assim transportou os Açores para a Modernidade, é parte da tese de Jorge Rebêlo. “No meio de pedras de Lava, vim à procura do Infinito, das minhas origens, neste Umbigo do Mundo. Encontrei gentes diversas, de variadas origens, de idiomas diferentes. Gentes generosas que comigo partilharam experiências, sensibilidades artísticas. Com elas, comi o Pão, a Carne, e o Vinho. Aqui até encontrei pedras que sorriem, e mais importante, fiz novos amigos,” diz Jorge Rebêlo da sua primeira visita à ilha montanha.
Na sua pesquisa, e usando o Registo de Baptismo de Georgeana Pereira, Jorge Rebêlo veio a descobrir que o avô materno de Domingos Rebêlo: Estácio Francisco Pereira, nascido na 1ª metade do século XIX, era natural da Senhora da Boa Nova, freguesia de Bandeiras, Ilha do Pico. Foi pai de Georgeana Augusta Pereira (1856 -1940), nascida em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, mãe do pintor Domingos Rebêlo (1891-1975).
Também descobriu um desenho, um estudo por Domingos Rebêlo, da ilha do Pico, “no verso de um desenho, que faz parte do meu espólio,” admite Jorge Rebêlo. Com esta informação, Terry Costa, diretor artístico da MiratecArts e fundador do Azores Fringe, pretende desenvolver a presença de um dos mais icônicos artistas açorianos do século passado e descendente da ilha montanha.
Domingos Rebêlo foi autor de algumas das imagens mais emblemáticas da iconografia dos Açores, com destaque para Os Emigrantes, provavelmente a imagem mais reproduzida no arquipélago. Morreu em Lisboa no dia 11 de janeiro de 1975. MiratecArts em parceria com Jorge Rebêlo pretende construir uma exposição, a comemorar os 50 Anos da sua partida, e a apresentar em todas as ilhas dos Açores. “Sabe-se que o Museu Carlos Machado em São Miguel possui mais de 1700 obras de Domingos Rebêlo no seu acervo, pena que nem uma exposição permanente, pública, existe,” nota Terry Costa. “O Pico, a MiratecArts, tem interesse em colocar Domingos Rebêlo nas bocas do mundo, ou pelo menos o dar a conhecer às novas gerações açorianas, e assim vamos trabalhar para que isso aconteça.”
MIRATECARTS/RÁDIOILHÉU