Há quem diga que a Pascoa é uma época de reflexão! Pois bem, seria oportuno o Governo Regional aproveitar este tempo e refletir. Refletir sobre as suas políticas e, em alguns casos, sobre a ausência delas.
Em tempos difíceis para toda a sociedade, em tempos onde os valores socioeconómicos começam a ser postos em causa, que futuro esperar para a produção de leite nos Açores?
Nos Açores, a Agricultura – com grande enfoque no leite e lacticínios – tem um peso brutal na economia local.
Temos até um Secretário da Agricultura que assume a região como produtora de leite. E a solução ‘mágica’ do Governo é criar um apoio à redução da produção, defendendo que esta é a medida que irá valorizar o preço pago ao produtor.
Bom! O certo, é que o preço do leite começou a baixar, novamente, na região.
Este Governo atirou os foguetes cedo demais, resta saber quem vai apanhar as canas. Pois não tenho dúvidas, serão os produtores!
Uma medida definida como estratégica para o setor, mas baseada numa espectativa, sem contrapartidas asseguradas a longo prazo e sem analisar, devidamente, as consequências que daí surgirão, tem tudo para dar errado. E não foi por falta de aviso!
Enfim, é mais uma prova da incompetência, da impreparação e da falta de humildade deste Governo.
A cada ano que passa os Açores perdem produtores e as fabricas têm cada vez menos matéria-prima. Mais uma vez, este Governo esqueceu-se de analisar as consequências da sua ação (des)governativa, quer do ponto de vista da sustentabilidade e distribuição de valor ao longo de toda a cadeia, quer do ponto de vista da desertificação das zonas rurais e da fixação de jovens no setor.
Este é um setor que tem a urgência de ser protegido, um setor que tem a urgência de ser uma prioridade para quem nos governa.
Numa altura, em que a sustentabilidade e sobrevivência da produção está em causa, a valorização e pagamento do produto não podia ser feita por medidas assentes em espectativas ou em medidas em que o retorno não é imediato.
Este Governo Regional não tem qualquer estratégia para o setor do leite e lacticínios, contradizendo-se sempre que fala de leite!
O que este Governo mais faz é apregoar. Apregoa sustentabilidade, apregoa valorização, apregoa rendimento justo, mas na prática, não passam de meras intenções.
Vejamos, o Governo Regional gerou nos produtores a expectativa de que reduzindo a sua produção, estes iriam receber um apoio por cada tonelada de leite reduzida na sua exploração. Um apoio prometido no início de 2022 e que seria pago em outubro. Estamos já no segundo trimestre de 2023 e ainda nada foi pago.
Ou seja, graças ao Governo Regional, os produtores de leite ficaram sem leite, sem animais e sem apoio, e hoje, veem o seu rendimento a baixar, por conta da redução do preço pago aos produtores por parte de algumas indústrias, da contínua subida dos fatores de produção e da ausência de medidas imediatas e eficazes por parte do Governo Regional.
Ao pronunciar-se publicamente sobre esta situação, o Presidente do Governo Regional diz que o Governo dos Açores, permanecerá “vigilante” para promover um “equilíbrio justo” entre os “preços e os rendimentos” dos produtores do setor. Quando na verdade o que devia dizer é que vão pagar urgentemente os apoios prometidos. Ao Governo, mais que ser “vigilante” impõe-se que seja proactivo nas suas decisões, responsável nas suas estratégias e sério nas suas promessas.
Este Governo Regional falhou e continua a falhar com todos os produtores de leite da região, com toda a cadeia de valor que daí se sucede e com todas as famílias que dependem direta e indiretamente deste setor.
GPPS/AÇORES/RÁDIOILHÉU