ATUALIDADE | BE. Governo de direita prepara Orçamento “maiores cortes de sempre” e regressa à velha lógica de ir além da troika
Este Orçamento do PSD, CDS e PPM tem “os maiores cortes de sempre”. É um corte de 140 milhões de euros apenas para agradar aos parceiros IL e Chega, disse António Lima hoje no encerramento das “Conferências Zuraida Soares”, em Ponta Delgada.
O deputado do Bloco de Esquerda lembra que “sem aumentar o endividamento da região relativamente ao PIB e sem ultrapassar os limites definidos no Orçamento de Estado, o governo regional tinha margem para não cortar qualquer investimento público”, mas o PSD, o CDS e PPM preferem um “regresso da lógica do ir além da troika que a direita nos habituou”.
“O tempo em que vivemos, com uma inflação galopante, taxas juros a subir, que ameaçam deixar muita gente sem casa e risco de recessão à porta, exige que os governos sejam firmes nas políticas que contrariem o empobrecimento da grande maioria da população, a população que trabalha” e isso faz-se com investimento público, alertou o deputado do Bloco.
Mas “em vez de contrariar o risco de recessão, aumentando o investimento público” este governo “faz exatamente o oposto: corta no investimento público!”, disse António Lima.
Mas o governo ainda vai mais longe, e “prepara uma borla fiscal para a grande maioria das empresas dos Açores, baixando os impostos sobre os lucros numa altura em que a inflação e a especulação geram lucros extraordinários”. Com esta opção, serão os impostos de quem trabalha a suportar ainda mais o orçamento da Região, “ao passo que quem tem lucros pagará ainda menos”.
“Perante esse caminho, por onde querem arrastar os Açores, um caminho sem futuro, o Bloco tem alternativa e não deixamos de a afirmar”, adiantou António Lima.
O coordenador regional do partido começou a sua intervenção com uma referência à política internacional, lembrando que, no Brasil, a democracia está sob ataque, porque Bolsonaro, o candidato derrotado, não reconhe os resultados do ato eleitoral, e há uma parte – ainda que minoritária – da população que clama por uma ditadura.
“Em Portugal e nos Açores há quem apoie Bolsonaro” e “a sua política e desprezo pela democracia”, assinalou, acrescentando que se trata da “mesma extrema-direita que apoia e suporta o Governo nos Açores”.
“De Bolsonaro a Bolieiro há um Chega de distância”, disse António Lima.
E o deputado deu mesmo um exemplo concreto destas semelhanças: Se André Ventura disse que “Os 125 euros (de apoio do governo da república) não podem ser gastos em whisky, tabaco e drogas”, o vice-presidente do Governo dos Açores disse esta semana que o apoio à natalidade do governo regional “não é para ser gasto em cerveja”.
“Não vos peço para descobrirem as diferenças porque elas já não existem”, concluiu António Lima, que lamenta que “a vice-presidência do Governo Regional” se tenha tornado, “de facto, num departamento do Chega”.
No discurso de encerramento da primeira edição das “Conferências Zuraida Soares”, António Lima enalteceu o papel de Zuraida Soares para o Bloco de Esquerda e para os Açores: “Não a esquecemos e aqui estamos juntos, não só lembrando o seu percurso político, mas acima de tudo procurando fazer o que a Zuraida sempre fez: Continuar a luta pelos ideais que partilhamos”.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU