TERCEIRA | Combate aos efeitos da inflação e a defesa do sector da Cultura em destaque na abertura das “Conferências Zuraida Soares”
“Criar as condições e os apoios necessários para que as pessoas consigam continuar a viver com dignidade é o grande desafio para os próximos tempos”, afirmou Alexandra Manes na abertura das “Conferências Zuraida Soares”, em que a deputada também criticou o desrespeito do Governo Regional pelo sector da Cultura, anunciando que o Bloco vai defender um reforço do investimento para o próximo ano.
Na abertura da primeira edição destas conferências, em Angra do Heroísmo, Alexandra Manes enalteceu o importante papel que Zuraida Soares teve em muitas lutas pela democracia, igualdade e inclusão travadas, que são a inspiração para este evento público realizado pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, e que terá um caráter anual.
Alexandra Manes salientou que “o aumento vertiginoso da inflação a que estamos a assistir tem várias causas e muitas consequências” e que “a consequência mais visível é a perda de poder de compra”, ou seja, “com o mesmo dinheiro vamos passar a poder comprar cada vez menos produtos e isso significa que vamos empobrecer”.
“Por isso, a obrigação do Estado e da Região é criar as condições e os apoios necessários para que as pessoas consigam continuar a viver com dignidade”, e é isso que o Bloco vai defender também na discussão do plano e orçamento para o próximo ano.
“Aumentar salários piora a inflação?”, foi a pergunta a partir da qual o economista Alexandre Abreu desenvolveu a sua intervenção, para, no fim, concluir que “não”. “Não há uma relação direta entre o aumento dos salários e o aumento da inflação”, disse o economista, destacando que o que se verifica atualmente é uma tentativa dos governos e das instituições para colocar os custos da inflação apenas sobre o rendimento dos trabalhadores.
A Cultura também esteve em destaque no primeiro dia das “Conferências Zuraida Soares”, em que Ana Brum e Peter Cann deram a sua visão sobre a Cultura, a partir das seguintes questões: “De que forma a cultura combate as políticas de direita?” e “Se a cultura é um direito, como efetivá-lo?”.
Sobre este sector, a deputada Alexandra Manes lembrou que é “historicamente, o primeiro a sofrer cortes no seu orçamento” e assinalou que “o plano e orçamento da Região para 2023, já entregue pelo Governo no parlamento dos Açores, mostra que vai ser assim mais uma vez.
“Mas nós achamos que não tem que ser assim. Aliás, achamos que não pode ser assim”, disse a deputada, lembrando o momento delicado e especial que a Cultura enfrenta nos Açores: “Este ano, havendo fortes possibilidades de os Açores virem a ter uma Capital Europeia da Cultura com um impacto positivo tremendo em todas as ilhas e numa altura em que os agentes culturais estão a voltar a pôr-se de pé depois de dois anos de paralisação quase total devido à pandemia, seria de esperar uma atenção especial para o sector”.
Por isso, o Bloco de Esquerda vai bater-se contra esta injustiça e esta insensatez do Governo do PSD, CDS e PPM, apoiado pela IL e pelo CH, e no âmbito da discussão do Plano e Orçamento da Região para o próximo ano vamos propor um reforço do orçamento para o sector da Cultura.
Alexandra Manes apresentou estas conferências, lembrando que, desde o falecimento de Zuraida Soares, no início de 2020, o mundo, o país e os Açores mudaram muito, mas afirma ter “a certeza de que, mesmo afastada da vida política diária, a Zuraida estaria na linha da frente de muitas lutas que hoje são necessárias e urgentes. Do mesmo lado em que sempre esteve: na defesa do respeito pelos direitos humanos, na luta pela igualdade de género, e ao lado dos mais fracos onde houvesse qualquer injustiça social”.
“Atribuir o nome da Zuraida Soares a estas conferências é uma forma de homenagear tudo aquilo que ela representa para o Bloco de Esquerda e para os Açores, mas também como forma de nos inspirar para enfrentar os desafios que o futuro nos coloca, enquanto sociedade, com coragem e entusiasmo”, disse a deputada do Bloco.
As conferências Zuraida Soares arrancaram hoje em Angra do Heroísmo, e continuam amanhã em Ponta Delgada, no auditório da Secretaria Regional das Finanças, às 14h30, com a professora universitária Rosa Simas (“Feminismo(s) do Século XXI: De onde viemos? Para onde vamos?”, Natalia Bautista (“Imprópria, um projeto de intervenção feminista através da arte”), Joana Canêdo ( “Que caminhos para a legalização da canábis para uso pessoal?”) e o dirigente bloquista Luís Fazenda (“Como deve a esquerda encarar a guerra na Ucrânia?”).
O encerramento das “Conferências Zuraida Soares” cabe ao líder parlamentar do Bloco de Esquerda no parlamento dos Açores, António Lima.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU