PORTUGAL | Política monetária seguida pelo BCE “é um dos maiores desafios” que o País enfrenta

A saída gradual do Banco Central Europeu dos mercados de dívida «é um dos maiores desafios que enfrentamos e a razão pela qual damos tanta importância à redução da dívida pública e ao alargamento da nossa base de investidores», sublinhou o Ministro das Finanças, Fernando Medina, numa intervenção no Real Institute Elcano, em Madrid.
O Ministro das Finanças explicou que a atual política monetária requer «atenção, na medida em que cria pressão nos mercados financeiros europeus e nas condições globais de financiamento europeu», incluindo na dívida soberana.
Ao longo deste ano, é necessário, por isso, uma monitorização cuidada dos indicadores económicos, explicou. «A inflação ainda está elevada, o crescimento económico, apesar de positivo, será mais baixo do que em 2022, e os impactos das decisões de política monetária no emprego e no rendimento disponível e nos lucros estão a aumentar», assinalou.
Fernando Medina destacou três dimensões fundamentais em que será preciso trabalhar em 2023: primeiro, é preciso «assegurar finanças públicas sustentáveis que possam proteger a união monetária e cada um dos seus membros de choques futuros, ao mesmo tempo que se garantem níveis adequados de investimento público»; segundo, há que garantir uma política industrial comum que «promova a competitividade europeia e a inovação, na transição para uma economia de emissões zero»; e terceiro, há que «reforçar e aprofundar o enquadramento institucional» para uma união mais forte, com base em compromissos credíveis.
O Ministro defendeu a criação de uma capacidade orçamental europeia permanente para financiar os investimentos estratégicos, indispensáveis para salvaguardar a soberania económica da União, bem como um instrumento de estabilização macroeconómica para enfrentar choques futuros.
Fernando Medina mostrou-se ainda favorável a alguma flexibilização das regras das ajudas de Estado, mas assumindo como pressuposto que o financiamento não se restringe apenas a esforço nacional: «Uma vez que o espaço orçamental difere consideravelmente entre Estados-membros, [uma abordagem exclusivamente de financiamento nacional] introduziria desequilíbrios indesejáveis dentro da União».
«Tal levantaria o risco de fragmentação económica», frisou.
P/GOV/PT/RÁDIOILHÉU